Quem sou eu

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Dizem que sou muito engraçada. Sou mandona, educadora, firme, (não é não!!! não vira sim, só porque insistiram muito). Sou muito observadora, guardo detalhes, palavras, atitudes, situações que passam despercebidas para os outros. O bom é que não sou facilmente enganada, o ruim, é para os outros, já que não esqueço..... e uso depois para confirmar que tinha razão! Para muitos, posso ser então considerada vingativa, uma verdadeira nativa de ESCORPIÃO, mas na verdade é só questão de percepção! Atualmente sou coordenadora da comissão da mulher advogada da OAB/Santos/SP.

domingo, maio 14, 2006

Pra pensar no dia das mães

Mary Del Priore* Dia das mães não é só hoje. É todo dia! Mas o que é ser mãe? É um compromisso com a entrega sem limites. Haja vista a capacidade de dedicação, escuta e atenção ilimitadas que a função exige. Mas não só. Hoje, a maternidade incorporou mudanças: do útero à proveta, do progresso da genética à fecundação in vitro, da consciência à ciência. Os casamentos tardios e a entrada das mulheres no mercado de trabalho atrasaram o relógio biológico. Mãe: quando? Aos 30 ou 40? Casada ou solteira? Mais: como ser mãe em tempos de liberdade de costumes, de baixa da influência das religiões, de consumismo desenfreado, de relativismo sistemático - pois se tornou moderno analisar um problema, sem decidir o certo e o errado? Alguém ainda se pergunta qual o significado da procriação? Com tantas transformações, a maternidade deixou de ser o "parir e embalar", como dizia o ditado popular. Tornou-se tarefa complicadíssima. Minha homenagem vai para aquelas que estão de fato empenhadas em educar seus filhos. Acho que não há nada mais difícil, nos dias de hoje. Educar filhos consiste numa longa agenda que rema contra a maré de hedonismo e do individualismo consagrada pelos meios de comunicação. Mais uma sessão de botox ou uma sessão de cinema com eles? Mais uma hora no cabeleireiro ou uma hora de leitura compartilhada? Uma ida à academia ou uma ida ao museu mais próximo? Fofocas com a amiga no telefone ou uma conversa de amiga com os filhos? Tudo bem que a caricatura doe. Mas não são poucas as mães cuja atividade principal é conjugar os verbos na primeira pessoa: eu vou passear, eu vou comprar, eu vou me divertir. E que colocam o nós na geladeira. Não desculpo as mães omissas, mas a verdade é que deve ser difícil ser mãe em tempos onde a "culpa", identificada à moral judaico-cristã, é vista como algo fora de moda. Um arcaísmo, enquanto o mal estar de nossa cultura anuncia que há muita coisa não dita, gerando culpabilidades enormes. Deve ser complicado tentar falar na importância do corpo e da alma, para jovens bombardeados por uma erotização precoce, focados na valorização da aparência como única moeda de troca. Terrível o esforço para quebrar o autismo de filhos que se isolam graças ao walk-man. Ou tentar dialogar, quando a maioria entende a comunicação como um conjunto eficiente de informações com um único objetivo: seduzi-los ou aterrorizá-los. Duro também tentar convencê-los de que a única referência não é o dinheiro. Que não podemos reduzir as pessoas a coisas cuja existência dependa de sua utilidade econômica e social. Que não vivemos num mundo onde tudo se compra e se mede. Mundo, diga-se, no qual os jovens se ressentem a cada vez que são corrigidos. Mundo no qual, muitas vezes, eles vêem os adultos como fracos, invejosos e portadores de mensagens sem sentido. E o pior: quanto trabalho para convencê-los de que habitamos um planeta onde é preciso fazer um esforço imenso para transmitir valores. Quanto esforço para criar filhos num país onde os políticos perverteram o sentido da verdade. Onde tudo é imagem, nada é real. País no qual a honestidade não é nem suficiente, nem - aparentemente - mais necessária. Maternidade no século 21: um vasto programa que implica na busca da verdade como laço entre mães e filhos. Que se apresenta na forma de uma porta sempre aberta para o respeito à diferença, à verdade e às regras básicas de convivência. Que se materializa no riso, na alegria e no amor. Este, então, em doses infinitas. * Mary Del Priore é historiadora